Revista publicada: Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
Este estudo destaca a importância de considerar a religiosidade e espiritualidade como elementos fundamentais no cuidado domiciliar, devido ao seu papel significativo no fortalecimento da resiliência de pacientes atendidos em Unidades de Saúde. Embora não diretamente na área da Neurologia, estudar espiritualidade é um tema que me interessa.
A atenção domiciliar (AD) é uma prática de cuidado que aborda o paciente em seu contexto familiar, socioeconômico e cultural. Este estudo transversal e descritivo avaliou a relação entre religiosidade, espiritualidade e resiliência em 44 adultos em AD por condições crônicas, atendidos por quatro Unidades de Saúde de Atenção Primária à Saúde em Porto Alegre (RS). Foram utilizadas escalas de religiosidade (DUREL), espiritualidade (ARES), resiliência (RS-14), entre outras, para avaliar os pacientes, que são majoritariamente mulheres idosas, de baixo estrato socioeconômico e com baixa escolaridade. Os resultados mostraram altos índices de religiosidade e espiritualidade, com 90,9% dos pacientes apresentando alta religiosidade intrínseca e 79,6% realizando práticas religiosas privadas diariamente. A resiliência se associou positivamente à maior espiritualidade (B=0,44; p=0,02), mesmo controlando para suporte social e sintomas depressivos, e à maior idade (B=0,18; p=0,02). A maioria dos pacientes considera importante que sua religiosidade e espiritualidade sejam abordadas nos atendimentos de saúde, embora apenas 20,5% tenham sido efetivamente questionados sobre isso. Este estudo reforça a relevância da dimensão religiosa e espiritual na promoção da resiliência em pacientes de AD, recomendando que essas dimensões sejam integradas ao cuidado integral preconizado pela atenção primária à saúde.
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